quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Música, linguagem universal

Em momentos nos quais me sinto só, a música é minha melhor companheira. Ela me liga comigo mesma e com o tudo que vive na perifería. Assim entro nessa frequência que dispoem da forca de criacao original que formou o mundo, o mantem e dá o tom para o futuro. Sua capacidade de unir é indiscutível e mesmo as personalidades mais difíceis conseguem se harmonizar através da música. Música é a melhor terapía. Sem ela dancar, que é a segunda melhor, nem pensar. Música é expressao do chamado verbo original, da música das esferas, de complexos sistemas matemático-geométricos e de muito mais. Música é irma da poesia, assim dou a palavra ao poeta:

"Eu canto porque o instante existe
E a minha vida está completa
Nao sou alegre nem sou triste
Sou poeta
Irmao das coisas fugidias
Nao sinto gozo nem tormento
Atravesso noites e dias
No vento
Se desmorono ou se edifico
Se permaneço ou me desfaço
Nao sei se fico ou passo
Eu sei que canto e a cançao é tudo
Tem sangue eterno a asa ritmada
E um dia eu sei que estarei mudo
Mais nada"
Cecília Meireles

Juntando música e poesia aparece o rap dando o recado à envenenada sociedade pós-moderna.

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Eu nao sou o que penso ser

YO NO SOY YO.
Soy este
que va a mi lado sin yo verlo;
que, a veces, voy a ver,
y que, a veces, olvido.
El que calla, sereno, cuando hablo,
el que perdona, dulce, cuando odio,
el que pasea por donde no estoy,
el que quedará en pié cuando yo muera.
Juan Ramon Jiménez

Eu sou aquele que pensa centrado no coracao, aquele que age sem pensar, que cai e se levanta. Enquanto penso só com a cabeca, existo na realidade efêmera da materialidade: Maia, ilusao que tem sempre um fim.
Eu sou parte daquilo que nao tem fim, que brilha por detrás de tudo que lanca sombras. Uso aquilo, que pensas seres tu, como veículo que me permite vivenciar e aprender as licoes que a natureza e a cultura da existência finita e do livre arbítrio me proporcionam. E minha luz brilha e cresce no meio dessas trevas, mas as trevas nao compreendem a nao ser que algo se quebre, ou se parta, ou exploda para que meu eu eterno possa vir a tona. Esse algo é aquele ser que pensamos ser, mas nao somos. Acirrada e dura se torna entao a luta entre o que penso ser e o que eu sou. Na cabeca me encontro mas estou só e aprisionado. Agindo aonde o coracao me leva, posso vislumbrar a luz do que eu sou a cada encontro. Mas atencao! esse caminho nao costuma ser nada agradável.
Por outro lado, é só no escuro que podemos ver as estrelas.

sábado, 10 de janeiro de 2009

Deusa da luz: a Tara radiante

O budismo tibetano apresenta múltiplas facetas derivadas da divindade nao-dual. A que chamamos de Buda é uma delas e tem tambem, por sua vez, diversas manifestacoes. Buda é uma individualidade que passou por diversos cíclos evolutivos e atingiu a iluminacao ou o Nirvana, usando a terminologia deles. Um desses cíclos é chamado de Bodisathva que é uma entidade já muito evoluida e atua no mundo material especialmente como mestre, mostrando a quem procura, o caminho no qual ele mesmo se encontra e que vai dar no Nirvana, transformando-o num Buda que se tornou uno com a divindade nao-dual atravéz da iluminacao.
Para nós terráqueos podermos entender os princípios dessa evolucao espiritual, foram criadas pelos mestres, através das artes, mandálas, mantras e imagens como esta da Tara radiante. Esses artifícios pedagógicos auxilíam como guias que mostram o caminho da realidade pluralizada à realidade nao-dual. No cristianismo temos tambem imagens como a dos anjos e o próprio Cristo como entidade que manifesta o Pai, a divindade nao-dual.
A Tara radiante nao é um ser com cabelos e roupas mas uma energia ou qualidade pela qual a divindade age. Um dos canais, podemos dizer ou uma ponte que liga o espiritual que vive na terra com a fonte criadora do universo. Na tradicao tibetana ela emana luz que clareia o caminho através da nossa natureza que produz sombras e que por isso nossos sentidos sao embotados quando arrogância, ignorância, ódio, inveja, enganos, avareza, cobica e dúvidas fazem com que percamos a trilha que nos leva a evoluir. Como nesse sentido temos a tarefa de exercitar o livre-arbítrio, podemos escolher se é isso mesmo que queremos e caso seja, tem essas "placas" que nos dao a indicacacao para encontrarmos esse rumo. Tem outras "placas" e caminhos, importante é saber lê-las para discernir melhor sobre a decisao que queremos tomar. "Ler" essas placas imaginativas passa por um processo de meditacao concentrado no coracao, bem diferente da leitura pelo intelecto que aprendemos a dominar na escola e que nos dá liberdade de ir e vir no mundo físico da diversidade. Se quizermos ampliar nossos horizontes e atuar conscientemente em nossa evolucao que reconhece realidade nao-dual, é preciso exercitar a capacidade de meditar. A Tara é uma das inúmeras ajudas a disposicao, para trilhar, iluminando com consciência esse caminho.

Essa foi uma pequena introducao enquanto o sol se erguia dourado no horizonte e a lua cheíssima se deitava tambem dourada do lado oposto. O ouro é a substância que religa. Mas esse é outro capítulo que nos liga a esse tema. Fica prá próxima!

domingo, 4 de janeiro de 2009

Reconstruindo


Meu mosaico do ano de 2008. Ando tentando entretecer minha memoria pessoal com as fotos, fatos e videos emitidos pela mídia. Um apanhado cronológico cabe melhor num esquema, mas nao quero sistematizar esse conteúdo ou aprisioná-lo em alguma gaveta. Antes quero que meu coracao me diga: quais os fatos, sentimentos, emocoes e encontros mais relevantes ou "revelantes" dessa retrospectiva?
Paloma partindo para o mundo enquanto o mundo se reunia em Pequim para os Jogos olímpicos. "I know I'm not alone" foi a filosofia na qual meditei nos momentos em que me sentía só. Thomas D. e Sebastian Gronbach foram meus melhores companheiros. Rapha em Israel, Isis em Athenas eu na Turquía, nós todos no Brasil. Mil encontros e Obama pega o pepino do crash na Wall Street. O levante e o silêncio dos monges tibetanos. Onde estavam eles durante a reuniao do G20? Contos de fadas abrem portas para um novo trabalho de pintura terapeutica e me acompanham iluminando a experiência da recreacao infantil com criancas brasileiras em Kassel. Tufoes, tornados, furacoes, terremotos, inundacoes e incêndios apresentam seu show apocalíptico. Nos feriados de Pentecostes a despedida do velho, no Advento a contratacao pelo novo Werkhof. A noite se torna entao minha companheira. Uma nova câmera tambem assim como a pintura e meu blog. Guerras pipocam ali a acolá mas as flores nao deixam de brotar, as estrelas seguem nos mostrando o caminho para...cada um é livre para decidir em que direcao. On the road fui ouvindo por audio-book "José e seus irmaos" obra do premio Nobel de literatura Thomas Mann. Rapha coroou o ano com a sua ótima interpretacao teatral.