quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Natal na Ilha do Nanja


Natal na Ilha do Nanja

Cecília Meireles


Na Ilha do Nanja, o Natal continua a ser maravilhoso. Lá ninguém celebra o Natal como o aniversário do Menino Jesus, mas sim como o verdadeiro dia do seu nascimento. Todos os anos o Menino Jesus nasce, naquela data, como nascem no horizonte, todos os dias e todas as noites, o sol e a lua e as estrelas e os planetas. Na Ilha do Nanja, as pessoas levam o ano inteiro esperando pela chegada do Natal. Sofrem doenças, necessidades, desgostos como se andassem sob uma chuva de flores, porque o Natal chega: e, com ele, a esperança, o consolo, a certeza do Bem, da Justiça, do Amor. Na Ilha do Nanja, as pessoas acreditam nessas palavras que antigamente se denominavam "substantivos próprios" e se escreviam com letras maiúsculas. Lá, elas continuam a ser denominadas e escritas assim.

Na Ilha do Nanja, pelo Natal, todos vestem uma roupinha nova — mas uma roupinha barata, pois é gente pobre — apenas pelo decoro de participar de uma festa que eles acham ser a maior da humanidade. Além da roupinha nova, melhoram um pouco a janta, porque nós, humanos, quase sempre associamos à alegria da alma um certo bem-estar físico, geralmente representado por um pouco de doce e um pouco de vinho. Tudo, porém, moderadamente, pois essa gente da Ilha do Nanja é muito sóbria.

Durante o Natal, na Ilha do Nanja, ninguém ofende o seu vizinho — antes, todos se saúdam com grande cortesia, e uns dizem e outros respondem no mesmo tom celestial: "Boas Festas! Boas Festas!"

E ninguém, pede contribuições especiais, nem abonos nem presentes — mesmo porque se isso acontecesse, Jesus não nasceria. Como podia Jesus nascer num clima de tal sofreguidão? Ninguém pede nada. Mas todos dão qualquer coisa, uns mais, outros menos, porque todos se sentem felizes, e a felicidade não é pedir nem receber: a felicidade é dar. Pode-se dar uma flor, um pintinho, um caramujo, um peixe — trata-se de uma ilha, com praias e pescadores ! — uma cestinha de ovos, um queijo, um pote de mel... É como se a Ilha toda fosse um presepe. Há mesmo quem dê um carneirinho, um pombo, um verso! Foi lá que me ofereceram, certa vez, um raio de sol!

Na Ilha de Nanja, passa-se o ano inteiro com o coração repleto das alegrias do Natal. Essas alegrias só esmorecem um pouco pela Semana Santa, quando de repente se fica em dúvida sobre a vitória das Trevas e o fim de Deus. Mas logo rompe a Aleluia, vê-se a luz gloriosa do Céu brilhar de novo, e todos voltam para o seu trabalho a cantar, ainda com lágrimas nos olhos.

Na Ilha do Nanja é assim. Arvores de Natal não existem por lá. As crianças brincam com. pedrinhas, areia, formigas: não sabem que há pistolas, armas nucleares, bombas de 200 megatons. Se soubessem disso, choravam. Lá também ninguém lê histórias em quadrinhos. E tudo é muito mais maravilhoso, em sua ingenuidade. Os mortos vêm cantar com os vivos, nas grandes festas, porque Deus imortaliza, reúne, e faz deste mundo e de todos os outros uma coisa só.

É assim que se pensa na Ilha do Nanja, onde agora se festeja o Natal.


Texto extraído do livro “Quadrante 1”, Editora do Autor – Rio de Janeiro, 1966, pág. 169.

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domingo, 6 de setembro de 2009

Pranto


No dia em que meu pranto rolou, encontrei este texto que me fez nao só aceitar mas compreender e dar o devido valor e lugar para esta divina qualidade humana. Traduzí este bemfazejo artigo para vocês. A imagem, pintei seguindo o modelo original de Jawlensky que a chamou de “Meditacao”. Pintar para mim tem sempre essa funcao meditativa em formas, cores e processos criativos.

Criacao perfeita: o pranto por Sebastian Gronbach / traducao Sonia Hauck

Há alguns anos conheci o pranto. Era estranho para mim e tudo menos bemvindo. Agora o pranto chegou plenamente até mim e nós nos conhecemos deveras bem. Claro que antes eu chorava tambem mas era um outro pranto. No passado ele vinha sobre mim. Agora ele vem de mim. Eu choro. Meu eu chora.

“Porque vocês Homens choram”, pergunta Arnold Schwarzenegger como Terminator ao seu pequeno amigo, “vem por causa da dor?” O menino John Connor responde: ”Nao, pode estar tudo em ordem mas dói mesmo assim.” No final do filme, quando o Terminator se sacrifica para salvar o mundo, ele passa a conhecer o enigma das lágrimas. “Eu sei agora por que vocês choram. Contudo é algo que nunca serei capaz de fazer.”

Porque nós Homens somos capazer de algo para o qual ninguem mais é capaz? Porque choramos?

Eu vivencío duas realidades. Uma delas me diz que está tudo bem. Nessa realidade me encontro feliz, consigo aceitar tudo, tudo está em ordem, nesse mundo vivo e rio. Aqui no sorriso percebo que meu eu se eleva espiritualmente por cima de tudo e acima de todas as realidades aparentes que procuram me prender. Com esse sorriso feliz desaparecem os espiritos do mal e eu me sinto erguido em harmonia eterna.

Contudo essa realidade possue uma contra-realidade paradoxa. Uma realidade, que foi criada como contrapeso a fim de eu poder me sentir no meu interior, inserido e fazendo parte deste mundo, com tudo que a partir da outra perspectiva, com toda razao, se apresenta como ilusório. Aqui vivencío a vida como ilimitadamente triste, imensuravelmente pesada e desgracadamente injusta. Aqui entre favelas, Ground Zero e enfermarías oncológicas, existem ilimitadas razoes para uma profunda tristeza sem fim. Aqui os jornais nao susurram mas soltam gritos agudos quando lidos. Aqui os notociários nao sao falados mas solucados e aqui cada um mostra o nicho no centro do próprio coracao.Nicho de dor sem fim . Nesse nicho abre-se o abismo, no qual o sofrimento universal se torna minha dor particular e meu próprio grito fica sendo o grito do universo.

“Com você pode estar tudo em ordem, mas dói mesmo assim”, diz John Connor.

Porque nos toca a dor do mundo? Porque outros tomam parte das minhas preocupacoes?

“Somos capazes de inserir em nós o que vive ao nosso redor e podemos carregar tudo em nosso coracao, pelo fato de termos um Eu que se encontra em uma misteriosa e mágica ligacao com o resto do universo ao nosso redor”, diz Rudolf Steiner.

Chorar realmente, só o ser humano consegue. Só o Homem tem a capacidade de vivenciar mais do que aquilo que ele possue em seu próprio corpo. Ele consegue sentir e vivenciar solidariamente a dor do mundo e o sofrimento de outros seres. Só o Homem pode dizer: eu lamento alguma coisa. Quando animais choram e animais tambem choram, entao algo chora neles. No pranto dos Homens se manifesta o Eu em sua corporalidade, no pranto o Eu se liga de forma bem real ao Mundo e cada pessoa que chora pode vivenciar-se no Faust* que na páscoa diz: A lágrima rola! O mundo me tem de volta”. Aqui correm as lágrimas de quem regressou.

Em cada lágrima se materializa a dor. Dor, que recebi do mundo e dor que tem origem nas profundezas de meu ser. Lágrimas como gotas de sangue que saem das feridas da alma. Como o sangue, as lágrimas nao mostram só a ferida mas oferecem ao mesmo tempo o remédio. Eu posso reprimir esse medicamento. Posso engolir as lágrimas. Mas cada choro engolido provoca um nó na garganta. Com o tempo engolimos esses nós, mas eles permanecem em nós, nao se desfazem ou perecem. Ao invés disso, eles se enredam entre si e formam uma crescente úlcera de dor e de lágrimas engolidos que nao saíram e sim entraram.

Para prevenir isso podemos chorar. Quem chora, se liberta. Ele nao nega ou reprime o que vive nele e nem se prende por mais tempo ao próprio sofrer, mas ele se manifesta, abre as comportas, para que através das lágrimas a tristeza possa fluir para fora da alma. No pranto prendemos a dor numa forma, derramamos o sofrimento no mundo, mostramos que algo nos movimenta e pedimos ajuda por sermos humanos que precisamos dos outros seres humanos. Quando lá no fundo dói em nós, entao podemos chorar e a partir das salgadas lágrimas a dor indescritivel passa a ser uma experiência humana sensorial que finalmente se transformará em conhecimento.

Existe alguma imagem melhor para a perfeicao da criacao do que uma ferida que deixa o próprio medicamento fluir? Hoje dou boas vindas ao meu pranto.

Cordialente, Sebastian Gronbach ________________________________________________________________________ *N.T. Faust de J.W.v. Goethe

Fonte e para ler auf Deutsch: http://www.info3.de/ycms/printartikel_1669.shtml

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Uma gota de Goethe

Deparei hoje com este poema que já conhecia e seu conteúdo revelou-me sua magnitude . Este que permaneceu adormecido em mim, despertou agora como se recebesse um foco de luz e assim vejo sua mensagem com mais clareza, em imagens que reconheco e sinto calidamente fazendo parte de mim. O contexto dessas palavras têm a forca que pode motivar e impulsionar minhas acoes.
Que riqueza de palavras! Vou ousar traduzí-las, desintegrar essa perfeita construcao e aventurar-me a reconstruí-la mantendo-a assim viva, para que supere fronteiras, chegue mais longe e encontre você.


Eins und Alles
Im Grenzenlosen sich zu finden,
Wird gern der Einzelne verschwinden,
Da löst sich aller Überdruß;
Statt heißem Wünschen, wildem Wollen,
Statt läst'gem Fordern,
strengem Sollen
Sich aufzugeben ist Genuß.

Weltseele, komm, uns zu durchdringen!
Dann mit dem Weltgeist selbst zu ringen
Wird unsrer Kräfte Hochberuf.
Teilnehmend führen gute Geister,
Gelinde leitend, höchste Meister,
Zu dem, der alles schafft und schuf.

Und umzuschaffen das Geschaffne,
Damit sich's nicht zum Starren waffne,
Wirkt ewiges lebendiges tun.
Und was nicht war, nun will es werden
Zu reinen Sonnen, farbigen Erden,
In keinem Falle darf es ruhn.

Es soll sich regen, schaffend handeln,
Erst sich gestalten, dann verwandeln;
Nur scheinbar steht 's Momente still.
Das Ewige regt sich fort in allen:
Denn alles muß in Nichts zerfallen,
Wenn es im Sein beharren will.

Johann Wolfgang von Goethe



Um e Tudo
Para encontrar-se onde nao há fronteiras
Desaparecerá com prazer o indivíduo
Afim de livrar-se do tédio;
Em lugar de calorosos desejos, querer selvagem,
Ao invez de enfadonhas exigências, rigoroso dever
Renunciar a si mesmo é deleite.

Alma universal, venha nos permear!
entao lutar junto ao próprio espírito universal,
irá elevar nossas forcas à vocacao.
Tomando parte, bons espíritos guiam,
dirigindo suavemente os mais elevados mestres,
rumo ao que tudo cria e criou.

E transformar o que foi criado,
Para que com rigidês nao se arme,
Atua eterno o agir vital.
E o que nao foi, agora irá ser
Em puros sois, coloridas terras,
De forma alguma poderá repousar.

Tem que movimentar-se, atuar criando,
Primeiro se formando, depois transformando;
Só aparenta estar quieto por um instante.
O eterno move tudo adiante:
Pois tudo tem que desintegrar-se no nada,
Se quizer presenvar sua existência.

domingo, 16 de agosto de 2009

Os relacionamentos e o Logos



O verao diurno está se acabando para mim, assim retomo minhas atividades diante da telinha. Abro o espaco mais uma vez para o talento poético Rubem Alves que, fazendo uso da palavra, descreveu com clara imagem uma formula simples para se viver um casmento feliz.

Casamento, frescobol e tênis

Rubem Alves


Depois de muito meditar sobre o assunto concluí que, os casamentos (relacionamentos) são de dois tipos: Há os casamentos do tipo tênis e há os casamentos do tipo frescobol.

Os casamentos do tipo tênis são uma fonte de raiva e ressentimentos e terminam sempre mal. Os casamentos do tipo frescobol são uma fonte de alegria e têm a chance de ter vida longa. Explico-me.

Para começar, uma afirmação de Nietzsche com a qual concordo inteiramente.

Dizia ele: 'Ao pensar sobre a possibilidade do casamento cada um deveria se fazer a seguinte pergunta: Você crê que seria, capaz de conversar com prazer com esta pessoa até sua velhice'? Tudo o mais no casamento é transitório, mas as relações que desafiam o tempo são aquelas construídas sobre a arte de conversar.

Sheerazade sabia disso. Sabia que os casamentos baseados nos prazeres da cama são sempre decapitados pela manhã, terminam em separação, pois os prazeres do sexo se esgotam rapidamente, terminam na morte, como no filme 'O Império dos Sentidos'. Por isso, quando o sexo já estava morto na cama, e o amor não mais se podia dizer através dele, ela o ressuscitava pela magia da palavra: começava uma longa conversa sem fim, que deveria durar mil e uma noites.

O sultão se calava e escutava as suas palavras como se fosse música. A música dos sons ou da palavra - é a sexualidade sob a forma da eternidade: é o amor que ressuscita sempre, depois de morrer.

Há os carinhos que se fazem com o corpo e há os carinhos que se fazem com as palavras. E contrariamente ao que pensam os amantes inexperientes, fazer carinho com as palavras não é ficar repetindo o tempo todo: 'Eu te amo...'

Barthes advertia: 'Passada a primeira confissão, 'eu te amo' não quer dizer mais nada'. 'É na conversa que o nosso verdadeiro corpo se mostra, não em sua nudez anatômica, mas em sua nudez poética'. Recordo a sabedoria de Adélia Prado: 'Erótica é a alma '.

O tênis é um jogo feroz. O seu objetivo é derrotar o adversário. E a sua derrota se revela no seu erro: o outro foi incapaz de devolver a bola.

Joga-se tênis para fazer o outro errar. O bom jogado é aquele que tem a exata noção do ponto fraco do seu adversário, e é justamente para aí que ele vai dirigir sua 'cortada' , palavra muito sugestiva, que indica o seu objetivo sádico, que é o de cortar, interromper, derrotar. O prazer do tênis se encontra, portanto, justamente no momento em que o jogo não pode mais continuar porque o adversário foi colocado fora de jogo.

Termina sempre com a alegria de um e a tristeza de outro.

O frescobol se parece muito com o tênis: dois jogadores, duas raquetes e uma bola. Só que, para o jogo ser bom, é preciso que nenhum dos dois perca.

Se a bola veio meio torta, a gente sabe que não foi de propósito e faz o maior esforço do mundo para devolvê-la gostosa, no lugar certo, para que o outro possa pegá-la.

Não existe adversário porque não há ninguém a ser derrotado. Aqui ou os dois ganham ou ninguém ganha.. E ninguém fica feliz quando o outro erra, pois o que se deseja é que ninguém erre. E o que errou pede desculpas, e o que provocou o erro se sente culpado. Mas não tem importância: começa-se de novo este delicioso jogo em que ninguém marca pontos...

A bola: são nossas fantasias, irrealidades, sonhos sob a forma de palavras.

Conversar é ficar batendo sonho prá lá, sonho prá cá...

Mas há casais que jogam com os sonhos como se jogassem tênis. Ficam à espera do momento certo para a cortada. Tênis é assim: recebe-se o sonho do outro para destruí-lo, arrebentá-lo, como bolha de sabão... O que se busca é ter razão e o que se ganha é o distanciamento. Aqui, quem ganha sempre perde. Já no frescobol é diferente: o sonho do outro é um brinquedo que deve ser preservado, pois se sabe que, se é sonho, é coisa delicada, do coração.

O bom ouvinte é aquele que, ao falar, abre espaços para que as bolhas de sabão do outro voem livres. Bola vai, bola vem - cresce o amor...

Ninguém ganha para que os dois ganhem. E se deseja então que o outro viva sempre, eternamente para que o jogo nunca tenha fim..


Rubem Alves é educador, escritor, psicanalista e professor emérito da Unicamp.

'Os limites são físicos.. As limitações são mentais'

domingo, 26 de julho de 2009

Iluminando


Eu sou aquele que abre seus olhos e faz-se a luz; ao fechar seus olhos desce a escuridao.

Palavras do Deus egipcio Ra inscritas no papiro de Turim, 1300 A.C.



No antigo Egito luz era a visao de Deus e suas lágrimas, o homem.



Algum tempo depois na antiga Pérsia a luz era dividida entre o grande Deus da criacao, Ahura Mazdao e o Deus das Trevas, Angra Manju ou Ahriman e assim a unidade deu lugar à dualidade.

Passeando pela história da luz, chagamos à Grécia antiga. De acordo com Empedokles, Afrodite, a deusa do amor fez os olhos dos Homens a partir dos elementos terra, água, ar e fogo que ficaram contidos no olho. Só ao elemento fogo foi dada a passagem e assim o fogo saía do olho humano e via os objetos. Assim os olhos emitiam seus próprios raios de luz.

Alguns séculos se passaram e para o evangelista Mateus "o olho é a luz do corpo" e o sol é apenas parte do processo de visao.

Passando entao por Platao, Aristoteles, os sábios de Gond-e-Shapur e as pesquisas de Galeno, a escola de Chartres, Euklides e tantos outros gênios através dos tempos, o fenômeno da luz foi revelando cada vez mais outros aspectos e foi a partir da camera escura que J. Kepler e René Descartes comecaram a despir a luz de sua origem sagrada tornando-a um mero systema mesuravel.

Eu aprendi na escola a física da luz, mas agora quero percorrer o caminho contrário, que pode devolver-me a essencia divina por detrás da matéria.

domingo, 5 de julho de 2009

Jardim

Jardim
Rubem Alves

“ Um amigo me disse que o poeta Mallarmé tinha o sonho de escrever um poema de uma palavra só. Ele buscava uma única palavra que contivesse o mundo. T.S. Eliot no seu poema O Rochedo tem um verso que diz que temos “conhecimento de palavras e ignorância da Palavra”. A poesia é uma busca da Palavra essencial, a mais profunda, aquela da qual nasce o universo. Eu acho que Deus, ao criar o universo, pensava numa única palavra: Jardim! Jardim é a imagem de beleza, harmonia, amor, felicidade. Se me fosse dado dizer uma última palavra, uma única palavra, Jardim seria a palavra que eu diria.”

* * *



sábado, 4 de julho de 2009

Lar doce lar...


Eu preferiría que você, que está lendo agora este meu bolg, estivesse, nao voltado para o monitor e sim para o mundo que fica logo alí, do outro lado da sua janela, pois é nele que vivemos nossa vida real, mesmo estando tao frequentemente aprisionados pela mídia virtual. Mas como é aqui, neste espaco que nos encontramos, segue aqui o link de HOME.
Para assistir a obra que o cineasta Yann Arthus-Bertran rodou pelo mundo afora, você precisa dispor de uma hora e meia do seu tempo. Portanto, pense bem se nao é melhor saír para o jardim, ou parque, encontrar com amigos ou fazer qualquer coisa por você ou para os outros. Mas se apesar do aviso você ainda insiste em vislumbrar a extraordinária estética do nosso planeta, filmados em qualidade HD (hight definition) e com todos os recursos técnicos de filmagens que geraram um superlativo em termos de imagens, siga em frente. Clicando no link acima voce levanta voo, como milhoes de expectadores, que tem assistido gratuitamente a essa obra rara que teve mais de 80.000 participantes em todos os continentes.
E... depois de assistir, vê se dá pra desligar o computador e sentar à sombra de uma árvore e meditar a respeito da pequenina flor, ou inseto, ou brisa que tocam teus sentidos e ativam as forcas que vivem no centro e que possuem o poder de agir na periferia.

terça-feira, 16 de junho de 2009

O pao nosso de cada dia...



O pao nao nos alimenta

o que nos dá de comer

é a palavra eterna de Deus

é a vida e é o espírito.

Das Brot ernährt uns nicht,
was uns im Brote speist

ist Gottes ewiges Wort,

ist Leben uns ist Geist.

Angelus Silesius - místico do séc. XV

O pao contem os frutos da terra, água, o fermento proporciona o elemento aéreo e o calor o transforma em delicioso alimento de tempos ancestrais. Assim temos diante de nós a substância material que penetra em nosso corpo e que os cientistas estudam até suas partículas menores, produzindo suas teorias quanto a alimentacao.
Mas segundo a afirmacao poética de Silesius nao é essa substância que nos alimenta e sim a palavra divina, a vida e o espírito. Os alquimistas denominavam essa forca de Quintecência.

Segundo desvendado por Rudolf Steiner, fundador da Antroposofía, existem nao só os citados elementos, mas o que ele chamou de éteres . Estes éteres correspondem ao lado sutil dos elementos ou polaridade oposta dos mesmos. Portanto, quanto mais materializada a substância elementar, mais sutil seu correspondente etérico. Assim temos:
  • terra - éter vital
  • água - éter químico (ou sonoro)
  • ar - éter da luz
  • fogo - éter calórico
O calor é o mais material dos éteres e o fogo é o mais etérico do elementos. O que aqui coloquei como duas diferentes substâncias para efeito de clareza, pode ser considerada como uma só que unifica éteres e elementos num agrupamento de sete níveis. O éter vital é o mais espiritual e a terra o mais material dessa escala:
  • éter vital
  • éter químico
  • éter luminoso
  • calor
  • ar
  • água
  • terra

Das Brot vom Korn

das Korn vom Licht
das Licht aus Gottes Angesichts.
Die Frucht der Erde aus Gottes Schein,
Lass Licht auch werden im Herzen mein.
O pao vem do grao
o grao vem da luz
a luz vem da face de Deus.
O fruto da terra vem do brilho de Deus,
que permita que se faca luz no meu coracao.


Para que a semente se transforme, desenvolvendo-se numa planta sabemos que ela precisa da terra, água, ar e calor. Mas, se a terra está desvitalizada, se a água nao promove reacoes químicas, a luz nao desperta o que se esconde nas trevas e o calor nao embala e envolve carinhosamente o ser vegetal que está por vir, podemos desde já esquecer o pao.

Se partimos do pincípio que matéria é espírito condensado, é preciso "visualizar" tambem o que fica oculto aos nossos sentidos físicos, mas que através da consciência ou do desenvolvimento de órgaos sensitivos mais sensíveis, pode ser revelado.
O ser humano encarnado depende dessas forcas mais sutis para permanecer vivo. Pois se falta o calor, a luz, processos químicos nao movimentam mais os líquidos e a vida nao pulsa mais nas veias, estamos simplesmente mortos. Abandonamos a nossa ferramenta essencial que nos permitiu viver como seres humanos encarnados em nosso querido planeta Terra. Portanto, fica claro que nao é só gracas aos elementos materiais que somos como somos e sim porque as forcas mais sutis permeiam os elementos do nosso corpo e dos alimentos naturais que ingerimos.

Levando em conta essa premissa, onde está essa qualidade em alimentos que saem das indústrias? Trabalhados com processos químicos inorgânicos que esterilizam e reduzem os alimentos à partículas materiais, como podem esses alimentos nutrir no sentido acima? E, como explicar o fato de pessoas que consomem essa alimentacao, continuam mesmo assim vivas e algumas até menos doentes que muitos fanáticos da alimentacao naturalista?

Penso que só pode ser por que nao é apenas o pao que nos alimenta e sim essas forcas que vivem em nos e ao nosso redor. Elas vivificam constantemente a natureza, ritmificam e reequilibram os processos catalizados pelas águas, iluminam a atmosfera que respiramos e nos aquecem para que possamos produzir a energia de que precisamos para pensar e agir.


Es keimen die Pflanzen in der Erde Nacht,
Es sprossen die Kräuter durch der Luft Gewalt,
Es reifen die Früchte durch der Sonne Macht.
So keimet die Seele in des Herzens Schrein
So prosset des Geistes Macht im Lichte de Welt,
So reifet des Menschen Kraft in Gottes Schein.

Germinam as plantas na noite da terra,
Brotam as ervas pelo forca do ar,
Amadurecem os frutos pelo poder do sol.
Assim germine a alma no interior do coracao,
assim brote o poder do espírito na luz do mundo
assim amadureca a forca do homem no brilho de Deus.

Rudolf Steiner








domingo, 7 de junho de 2009

Éter elementar

Paloma



Krieger des Lichtes



Heimkehr zur Wurzel heißt: Stille
Stille heißt: Rückkehr zur Bestimmung
Rückkehr zur Bestimmung heißt: Ewigkeit
Erkennen des Ewigen heißt: ERLEUCHTUNG

Laotse, Tao Te King

Guerreiro da Luz


Regresso às raízes quer dizer: silêncio
Silêncio quer dizer: retornar ao destino
Retornar ao destino quer dizer: eternidade
Reconhecer o eterno quer dizer: ILUMINACAO.



segunda-feira, 1 de junho de 2009

Pentecostes


Aus dem wachen Schlaf erwachen
Verborgenes Licht wird Flamme
Das Wort wird sichtbar, klar

Despertar do sono acordado
Luz oculta vira chama
A palavra se torna visivel, clara

quinta-feira, 14 de maio de 2009

terça-feira, 28 de abril de 2009

D E S P E R T A N D O

Era uma vez a lagarta

que depois de comer

tudo o que tinha direito,

virou múmia enrolada

num longo fio de seda.

Quase morta de cansada,

num galho dormiu pendurada

até o dia em que o sol chamou

e assim ela acordou.

Nós celebrando a Páscoa

e ela seu despertar

ostentando cores e a liberdade,

abriu suas asas a borboleta .

Seu casulo tambem transformado

em fino tecido brilhante,

ganhou as cores que pintei,

e que ilustram esta mensagem.


sábado, 25 de abril de 2009

sexta-feira, 10 de abril de 2009

da cabeca aos pés, do coracao às maos



Vom Kopf bis zum Fuß
Bin ich Gottes Bild
Vom Herzen bis in die Hände
Fühl ich Gottes Hauch
Sprech ich mit dem Mund
Folg ich Gottes Willen
Wenn ich Gott erblick
Überall, in Mutter, Vater,
In allen lieben Menschen
In Tier und Blume
In Baum und Stein,
Gibt Furcht mir nichts
Nur Liebe zu allem
Was um mich ist.

"Da cabeça aos pés
Sou a imagem de Deus;
Do coração às mãos
Sinto o sopro de Deus.
Se falo com a boca,
Sigo a vontade de Deus.
Quando Deus eu Avisto
Em toda parte,
Em minha mãe, meu pai,
Em todas as pessoas queridas
No animal e na flor,
Na árvore e na pedra,
Não sinto medo de nada,
Só amor a tudo
Que está em meu redor."

R Steiner

sábado, 21 de março de 2009

O dia mundial da poesia é hoje


Dia de primavera, ontem, o primeiro:
Sol brilhanado, céu azul, pouquinhas nuvens,
Passaros, florzinhas, pessoas felizes...
Dia e noite, o perfeito equilíbrio!
Estreladíssima a noite,
madrugada silenciosa, abre alas para a luz
que por entre galhos sombrios
vai iluminando flores e folhas que ainda virao a ser.
E hoje, a poesía tem seu dia
presentes o verbo, o substantivo e o sentimento
que precedem o amanha.





Das Schöne bewundern

Das Wahre behüten

Das Edle verhehren

Das Gute beschließen

Es führet den Menschen im leben zu Zielen

Im Handeln zum Rechten

Im Fühlen zum Frieden

Im Denken zum Lichte

Und lehret ihn vertrauen auf göttliches Walten

In allem was ist:

Im Weltenall, im Seelengrund.

Rudolf Steiner





quarta-feira, 18 de março de 2009

Impulsionando o querer


Como impulsionar meu querer para que este possa colocar em movimento a roda da minha história pessoal, tirando-me da posicao de mero espectador para atuar no centro de acontecimentos capazes de fomentar a evolucao do organismo social? Entre as pessoas com fogo até demais mas que geralmente acabam virando cinzas e outras completamente desinteressadas, como posso eu me transformar em agente de mudancas, sem me deixar simplesmente levar por idéias alheias ou tornar-me vítima de mobbing? Como ser sempre autêntica e fiel especialmente para comigo mesma?

Há alguns dias participei de um congresso que movimentou algumas dessas perguntas. Organizado pelo ramo antroposófico de Kassel, o eventou contou com a participacao da Dra Michaela Glöckler* como palestrante, tanto para introduzir como encerrar os trabalhos, que se deram através de workshops divididos em pequenos grupos para médicos, professores, pedagogos curativos, terapeutas sociais, economía social, ciências naturais, tecnología e ética, agricultura, cuidados com pacientes terminais, euritmía, pintura e modelagem.
Aqui, uma pequena síntese e outras tantas consideracoes tecidas sobre aquilo que ficou marcado, a partir do meu próprio ponto de vista :

Entre a natureza e a sociedade, me encontro eu. Da natureza recebi atributos volitivos como os instintos e a cobica. A alimentacao, o sono e a reproducao nao sao naturalmente pre-programados como nos animais e aí passam a valer os impulsos e as regras impostas pela sociedade. Sob a influência dessa polaridade vivo eu, procurando sempre encontrar a melhor forma de viver na tensao entre o meu querer e a coletividade. As vezes reajo, outras fico como que paralisada. Mas nenhuma das duas atitudes me satisfaz. Quero é me libertar da pressao exercida tanto pela natureza como pela sociedade. Mas... como chegar à "idéia luminosa" que vai despertar meu entusiasmo sem me resignar ou me queimar? Pensando! Só que nao do jeito que "morreu um burro", pois, pensar nao significa apenas reproduzir informacoes como faz o computador. Pensar é, em primeira instância, saber questionar e é sobretudo uma atividade espiritual impreescindivel ao autoconhecimento. Outro aspecto de apoio é procurar o vínculo a uma identidade pessoal, cultural, profissional ou religiosa que reflita e ofereca uma orientacao e uma imagem que conduz (Leitbild), condizente com o meu ideal interior. Na parte prática, permanecendo atenta e decidida a transformar em realidade aquilo que posso classificar de bom, meu trabalho, seja em qual área for, passa a ter forca e qualidade de vocacao, de servico religioso.

Tudo de bom na teoría. Mas como faco para aplicar concretamente essas idéias para que cheguem à instância da vida real? No exercício de contatos sociais, na elaboracao de projetos coletivos, seja formando pequenos grupos de estudo ou até no sentido de concretizar ideais mais ousados, estou treinando minha capacidade de comunicacao que nada mais é que o uso da palavra, do logos, o tal do impulso criador universal. Esse tipo de engajamento faz com que eu assuma com plena responsabilidade o papel que me cabe em cada situacao e como consequência posso chegar a ver o objetivo da minha decisao interior, concretizado em realidade exterior.

As chances para desenvolver relacoes construtivas nesse sentido, aumentam na medida que edifico meu interior com a mesma "substância" que aplico no plano social, ou seja, tambem fazendo uso da palavra, só que em forma de meditacao ou oracao. Meditando, desperto minha autoconsciência que me permite perceber que fazemos parte do mesmo princípio universal onde somos todos um e quando diferencas sao superadas me sinto mais livre para encarar minha missao. Preciso fazer crescer o autoconhecimento, iluminar meu pensar e aquecê-lo com as forcas do coracao. Com isso terei mais confianca em mim e em meus pensamentos. Vou deixar de vacilar e terei mais certezas, tornando meu agir seguro e muito mais efetivo.

Se me encontro inserida numa constelacao social/profissional preciso cultivar a cultura desse empreendimento para incentivar a capacidade de reunir pesssoas com um ideal comum. Assim como para o desenvolvimento pessoal, existem tambem meditacoes específicas para diversas áreas profissionais. A do "centro e perifería" foi proposta por R.Steiner aos pedagogos curativos e entre outras foi tambem sugerida no evento uma outra meditacao dada para a euritmia que acompanhada de movimentos na forma de um pentagrama é muito útil para exercitar a ampliacao do eu no âmbito espacial, pessoal e coletivo, melhorando minha postura e a emanacao do meu ser no ambiênte social.

Mas nao é só pensando, falando e meditando que vamos atingir nossos objetivos, mas entrando em acao e em contato. Engajamento politico é indispensavel para defender e dar voz àquilo que queremos ou nao. Vozes críticas que se levantam para nao deixar as decisoes nas maos de políticos ligados a interesses econômicos alheios aos valores humanos. Presencas ativas suficiêntes para defender a natureza e nossos ideais de liberdade, sem permitir que nos impinjam alimentos, medicamentos e bens de consumo que deterioram nossa saúde e a do nosso planeta. Guerreiros com domínio das armas certas contra as aberracoes que beneficiam apenas àqueles que detem o poder e, muitas vezes sem qualquer escrúpulos, manipulam a sociedade com o único intúito de incentivar e endeusar o consumo. Só que a minha voz se perde se nao estiver unida a outras que em número crescente vao fazer frente à conspiracao que o poder ecomômico, muito bem organizado, vem realizando para mutilar a vontade própria do ser humano e escravizá-lo, levando-o à depressoes e outros tantos tormentos psíquicos que o enfraquecem e o tornam vuneravel. Enfraquecido dessa forma sutil, ele acaba aceitando uma realidade nao escolhida por ele próprio, as vezes mesmo sabendo que nao é isso o que ele quer. Acomodando-se deixa-se levar pelas ilusoes e tentacoes que através do marketing nos iludem para que acreditemos nos valores que encherao os bolsos dos que detem o poder ecomômico, fazendo com que trabalhemos como escravos e ainda acreditando que o fazemos por livre e expontânea vontade. Que vontade é essa que nos motiva e hypnotiza a esse ponto ?

A escolha é nossa, acordar do sono que nos faz manipuláveis dá trabalho sim, mas é para uma boa causa, para que nossas futuras geracoes possam ainda ter possibilidades de saúde e de desenvolvimento; para que o planeta e seus sensíveis sistemas nao entrem em colapso por causa de tanto abuso inconsequente. Olhos abertos, mentes abertas e a busca de solucoes conjuntas pois especialmente os filmes norteamericanos nos fazem acreditar em heróis solitários que vencem sozinhos todas as forcas do mal. O que tem por de trás dessa imagem que tentam nos incutir?

A uniao faz a forca e Maquiavel já sabia bem como manter seu poder: jogando uns contra os outros! A guerra de todos contra todos é inoculada pelas forcas detentoras do poder. (Que poder é esse?) Reconhecê-las é um dos primeiros passos se desejamos, de fato, despertar para essa realidade pouco confortavel e de muitos desafios. A luta é necessária e quem nela entrar deve estar bem munido e unido a muitos outros para que a ideologia comum possa reverter em realidade à todos aqueles que decidiram acordar e dar um impulso no próprio querer para o bem do todo.

*Dra. Michaela Glöckler conduz a secao médica do Goetheanum em Dornach, Suica. Autora de grande número de livros e outras publicacoes, ela viaja pelo mundo dando palestras sobre temas relacionados a antroposofia.

quarta-feira, 11 de março de 2009

Arte completando a criacao



Ai, que saudades de passear nos campos, florestas, rios, praia... A gente acaba se escondendo do frio, fechando as portas para os encantos do inverno.

O artista plástico Andy Goldsworthy nao fica desencorajado e sim inspirado com tudo o que a natureza tem de passageiro ou nao. Juntando pedras, folhas, gravetos, conchinhas ou gelo ele completa, exalta, extrapola, transcende as possibilidades da natureza e a transforma em arte. A fotografía completa sua criacao para que possamos participar da culminacao do seu processo criativo.
Usando apenas mareriais naturais encontrados no local da obra, esta adquire formas, cores, rítmos e nuancas que se harmonizam no contexto e com ajuda da acao do tempo, enfatiza o carater transitório em suas obras que sao, em sua maioría, de curta duracao.


Influenciado pelo misticismo característico da Escócia onde viveu muitos anos, ele procura perceber e entrar em contato com a dimensao espiritual oculta do local e esse aspecto tem importância fundamental em sua arte.

Existe um filme, documentando seu trabalho que se chama "Rivers and Tides". Quem tiver oportunidade de assistir, nao perca a chance.
Contudo, melhor ainda é entrar em sintonía com a natureza e criar tambem com pedrinhas, galhinhos, folhas, sementes, flores e tornar-se um jardineiro à completar a criacao.

segunda-feira, 2 de março de 2009

Quem conhece Momo?


A menininha de cabelo estrupiado, cuja maior qualidade é saber ouvir e que tem uma difícil missao a cumprir com ajuda da tartaruga Cassiopéia: vencer os senhores cinzentos que consomem o tempo, munida apenas de uma flor que lhe foi dada pelo mestre Hora, o senhor do tempo.

Entao, quem conhece?

Tem me passado muitas vezes pela cabeca nos últimos tempos essa história do Michael Ende, o mesmo autor da "História sem Fim". Nao sei se é por causa da crise financeira mundial, já que a fantástica estória lembra muito dos homens cinzentos que demoliram o sitema ecomômico mundial com suas falcatruas ou se é porque Momo consegue ouvir a voz das estrelas que sao tambem minhas companheiras no silêncio das noites claras ou por que minha amiga usou recentemente uma das imagens da estória, ao comentarmos o filme "a estranha história de Benjamin Button".

Já está clareando o dia, vai chegando a hora de parar de escrever e ir para casa. Quem sabe mais tarde, depois de um dia bem dormido me vem a razao pela qual essa imagem me aparece com tanta frequência...

...e mais uma semana se passou. O tempo passa e nem por isso se perde, mas a gente muda as coordenadas astrais e nossos pensamentos recebem novos impulsos, mas Momo continuou a me acompanhar e suas imagens vao se aprofundando em meu ser.

Pilhas de livros interessantíssimos pra ler e eu que leio tao devagar! Mas tenho minhas noites e elas me dao o tempo que preciso para ler o que eu quiser. Ter um trabalho que nao tira o teu tempo e sim o coloca à tua disposicao e ainda te dá a liberdade para você fazer dele o que bem entender pode ser uma verdadeira bencao. Ontem, por exemplo, assisti ao filme Momo. Nao gostei muito da filmagem, mas o DVD caíu "sem querer" nas minhas maos. Na sexta fui pra cidade cortar o cabelo, passando antes numa livraría, comprei finalmente o livro "Momo".

Tenho falado do livro, mas como nunca o lí e tambem pelo fato de eu estar à procura de um trecho da história que foi citado numa interessante crônica, achei que merecía o investimento. Quando sentei no cabelereiro para esperar pelo corte, passei a folhear o livro à procura do tal trecho. Folheio pra lá e pra cá quando, de repente, abri a página na qual a vendedora havia colocado, como brinde, um marcador de livros e lá estava o que eu tanto procurava. Nesse momento me emocionei e de alegría, meu olhos ficaram marejados, foi quando a cabeleleira chegou. Estando atento, esses pequenos "passes de mágica" acontecem com mais frequência do que a gente imagina, isso se considerarmos tambem o que deixa de acontecer. Uau! quanta ajuda o destino coloca à disposicao e nós, se é que pensamos a respeito, geralmente a consideramos simplesmente como obra do acaso. Digo isso, mas sem qualquer preconceito pois prezo e muito o poder existente no acaso.

Acho que agora sei por quê Momo vem com tanta frequência "me visitar". Nas últimas semanas cresceu muito minha preocupacao sobre como apoiar meu filho para melhorar seu rendimento escolar e ainda tentando fazê-lo ver o outro lado do cigarro. Sei que nem sempre acertei no tom de voz, apesar de ter me esforcado em trazer argumentos imbatíveis. Mas essa é a questao: nao adiantam rebuscados argumentos se a linguagem do coracao nao os aquece. Nao é que só se vê bem com o coracao (citando S.-Exupéry) mas tampouco se fala bem sem sua participacao.

Aliás, Momo só consegue realizar sua missao depois de ter vislumbrado a fonte do tempo dentro do próprio coracao. A imagem que o autor descreve é belíssima, aqui resumido com as minhas palavras: Mestre Hora mostra o caminho à menina e pede à ela para nao falar ou perguntar nada enquanto ela estiver nesse lugar. Ele cobre seus olhos e logo ela passa a ver uma imensa aboboda cheia de estrelas, do alto entra um foco de luz que incide sobre uma flor, a mais bela que Momo até entao tinha visto e essa flor parecía ser feita apenas de luz e cores e Momo sequer sabia existirem. Essa flor se encontra no meio de um lago de águas escuras. Momo percebe, nao só o doce perfume da flor, mas tambem uma melodia que nao lhe pareceu estranha. Fascinada pela beleza da flor, ela se assusta e comeca a ver com tristeza como a flor, no auge da sua beleza, comeca a murchar e vai se despetalando até sumir por completo. Pouco depois surge um novo botao e sem acreditar nos seus olhos ela ve este desabrochar numa flor ainda mais bonita e seu perfume superava o encanto provocado pela primeira. Quando esta tambem comecou a murchar, a menina entristeceu e mesmo achando ser impossível, ela viu brotar a flor mais formosa de todas. Esta tambem sucumbiu dando lugar à próxima que extrapolava a beleza de todas as outras. Momo acordou no colo do Mestre Hora, imprecionada com a grandeza do tempo, Mestre Hora lhe disse que aquele era só o seu tempo. A menina perguntou entao, aonde fica esse lugar e Mestre Hora respondeu "dentro do teu coracao".

As mensagens e imagens dessa história sao muito simples e para as pessoas de hoje, bem mais concretas do que abstratas. Os homens cinzentos que roubam o tempo temos hoje por todos os lados. Na macro-economía e dentro das famílias eles desviam nossa atencao, fazendo com que foquemos nossos sentidos naquilo que faz com que nao sobre mais tempo para o essencial.
Para vencer o poder deles, nao adianta violência nem afiados argumentos tirados do intelecto, usando a forca do coracao, sim, desacelerando e devagarinho como tartaruga Cassiopéia, com a flor da hora nas maos,
podemos vencer os homens cinzentos que poluem tudo com seus charutos e entao voltar a usar nosso precioso tempo com aquilo que é bom, bonito e verdadeiro. Saindo assim do círculo vicioso, retomamos nossa metamorfose evolutiva.





domingo, 1 de março de 2009

Vivem em nós inúmeros



Vivem em nós inúmeros;
Se penso ou sinto, ignoro
Quem é que pensa ou sente.
Sou somente o lugar
Onde se sente ou pensa.
Tenho mais almas que uma.

Há mais eus do que eu mesmo.
Existo todavia
Indiferente a todos.
Faço-os calar: eu falo.
Os impulsos cruzados

Do que sinto ou não sinto
Disputam em quem sou.
Ignoro-os. Nada ditam
A quem me sei: eu 'screvo.
Ricardo Reis


quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

N A O, palavra que liberta


Spitzweg, "quarta-feira de cinzas"

O carnaval passou para dar início à época da renúncia. Aqui na Alemanha é grande o número de pessoas que levam muito a sério os 40 dias da quaresma. Visando, por um lado fortalecer o eu, mas tambem perder uns quilinhos e desintoxicar o corpo, alguns optam por fazer jejuns, outros deixam a bebida para provar que ainda sao mais fortes do que ela, criancas aprendem a guardar os doces numa caixinha até a Páscoa ao invés de comê-los na hora. Outros tantos propoe-se a deixar de fumar aproveitando a forca do eu coletivo que está no ar e que diz NAO àquilo que os egos rotulam de "indispensável".

Quantas vezes você disse sim só para agradar alguem? Você comeu para nao fazer desfeita, fumou aquele baseado para se sentir enturmado, concordou para evitar discordia ou se arrependeu de ter assumido mais uma dívida? Isso tudo contrariando a voz seu eu que recomendou dizer nao e dando o braco a torcer para o seu ego, que alegando motivos indiscutíveis, fez calar a voz da sabedoría. Contudo, essa voz nao cala, está sempre presente mesmo que meu ego tente negá-la. Por isso me sinto dividida e até com vergonha e tento engendrar argumentos tirados do arco da velha para justificar tudo aquilo que permití mas que devería ter negado.

Uma das licoes mais importante sobre o NAO, aprendí no IChing. Fiz uma pergunta relativa a educacao da minha filha e o livro das mutacoes, em sua milenar sabedoria, me respondeu simplesmente que na dúvida é melhor dizer nao, pois dizendo nao cometemos menos erros.
Os próprios filhos nos ensinam o tempo todo como é importante dizer nao. Os pimpolhos, eles mesmos na fase da pirraca, sem nenhum preconceito, aprendem a dizer nao, descobrindo e exercitando limites. Para os pais fica logo bem clara a necessidade de colocar limites fazendo uso do nao, evitando que os pequenos se tornem tiranos. Conceitos pedagógicos como o de O'Neal da escola "Summerhill" onde era praticada liberdade total nos anos setenta, tambem ajudaram a conscientizar as pessoas sobre a importância pedagógica de uma disciplina clara e consequente.

Transformar uma pedra bruta numa pedra preciosa, passa por cortes precisos. Deixando a pedra rolar pelas águas, o precioso segredo que se esconde no seu interior permanecerá oculto.

Quanto mais trabalho na minha evolucao ou seja, na minha integridade, mais oportunidades se me apresentam para que eu possa dizer nao à tudo que é efêmero e passageiro. Se passo nesses testes propostos pela vida, abrem-se um dia as portas do que é eterno e passo a enxergar sob essa luz. Sob essa ótica me torno uno com a sabedoria universal passando a refletir tudo o que se apresenta aos meus sentidos com infinita clareza. As dúvidas se dissipam e o sofrimento passa a ser nao mais um castigo mas uma dádiva, um instrumento de desenvolvimento pessoal.

Optar por uma postura de positividade nao quer dizer que preciso dizer sempre sim. Tampouco significa que vou me tornar antipática e passando a dizer só nao como uma crianca pirracenta. Vivo nesse mundo das pluralidades e como qualquer pessoa, quero é ser feliz junto com todos que quero bem. Claro que é preciso fazer concessoes, mas tendo na consciência que isso na maioría das vezes nao é uma ajuda real, mas meramente uma ilusao passageira que nao contribui para a realidade do que é eterno. Muitas vezes usamos como justificativa a palavra amor que representa, geralmente e no fundo o medo de perder algo ou alguem que o nosso ego nao quer ver livre.

Precisamos da forca coletiva para dizer nao à violência, à manipulacao genética, aos abusos do políticos, à drogas, aos alimentos envenenados com químicas, à energia atômica e por aí a fora vai a lista do que precisa de naos seguros e consequentes. O objetivo? Transformar o presente para que no futuro a liberdade em seu sentido real possa se manifestar. Para participar e contribuir ativamente com esse processo, preciso valorizar o poder da renúncia e perder o medo de dizer nao!

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Se meu carro falasse...

Ele fala sim, viu?! Avisa quando precisa de gasolina ou de alguma peca nova. E nao é só isso nao, ele tráz consigo muitas histórias que eu podería contar, dos muitos lugares que visitamos, aventuras nas estradas e sobre as pessoas que viveram muitas horas em conversas, discussoes ou cantando no seu interior.
Sempre alí á disposicao de me levar aonde eu queira, me dando abrigo e carregando minhas tralhas. Meu "fiel escudeiro" da era tecnológica. Os servicos que presta sobre suas quatro rodas equivaleríam a uma caravana de muitos camelos e escravos, sem falar da velocidade e das distâncias percorridas em curto espaco de tempo que da outra forma seríam inimaginaveis. Podemos compará-lo a armadura do cavaleiro de hoje. Com ele vamos à luta e à passeio mas com conforto, somzinho estéreo e aclimatizados. Grandes avancos desde a idade média!

Mas o carro da foto nao é qualquer carro. Em mais de uma década de dedicacao ele nos levou direto para os nossos objetivos, seja á trabalho, para visitar as pessoas que amamos ou fazendo mudancas e transportes e assim tornou-se meio que parte da gente. Nossa biografia nao sería a mesma se nao fosse ele. Claro que um carro nao tem vida e é apenas feito de lata mas nós "vestimos" essa "armadura" e com isso seu interior adquire vida, tendo alguem que o conduz como eu conduzo meu corpo físico pelo mundo afora. Com isso ele acaba fazendo parte nao só de mim, mas tambem da minha família e amigos, com qualidades de um certo eu coletivo. Ligando as pessoas envolvidas, ele faz a ponte que gera uma estrutura social que me é muito cara. Dentro dessa lata tem um vazio que nós preenchemos com nossos corpos e com a nossa história pessoal. Dentro desse vazio convivemos, minhas criancas cresceran, viraram jovens, aprenderam e treinaram a capacidade de conduzir veículos. Conversas, sonhos e idéias incríveis tambem preencheram esse espaco interior. On the road aprendemos muito, seja ouvindo audio books, meditando, organizando pensamentos ou simplesmente deixando eles virem e irem.

Através dos barulhos do seu motor ele dá seus recados e de outra forma tambem pela leitura dos números que aparecem no seu painel. O rádio fala diretamente aos nossos ouvidos e tudo está de certa forma interligado e de acordo com o tempo e o espaco percorridos juntos, formamos uma parte maior ou menor do nosso destino conjunto. Dez anos interagindo, interpenetrando e estabelecendo uma unidade. Portanto, me vejo como parte desse carro ou ele como parte de mim em constante comunicacao: eu dou as ordens ele me dá as dicas que passam pelo filtro das minhas próprias interpretacoes. No último encontro com esse meu fiel escudeiro ele me falou quando fiz a leitura do seu contador de kilometragem. Nele lia-se o número 70009 que me lembrou o número da sua placa 739. Procurando entender essa sequência numérica pela ótica da lógica qualitativa sem considerar a quantitativa, o 3 passa a representar a unidade trimenbrada que passou para zero, mas nao um zero qualquer e sim um zero triplo. O zero está para o nada como o um está para o todo e ambos formam o princípio fundamental da dualidade, de tudo que possue um início e um fim. Sem querer fazer um tratado de numerologia, preciso ainda dar lugar ao sete e ao nove. Através do sete contemplamos evolucao, transformacao e o nove nos dá a idéia da missao cumprida, da meta atingida ou da perfeicao. Assim a evolucao, passando pela criacao chega a perfeicao e ao final dessa história, a evolucao transcendendo o fim, tambem completa mais um processo.

O último algarismo que vi em seu painel foi o 18 que tambem pode ser lido como nove que passa pelo oito, considerado número da sorte pelos chineses (Olimpiada de Pekim) e sagrado na tradicao crista e no meu conceito tambem. Portanto, acabei de canonizar meu carro querido e como agora virou santo, ele tambem faz milagres e como suas latas velhas nao passam mais pelo TÜF (vistoría técnica) ele resolveu investir numa armadura nova para a gente continuar na luta, ligando os pontos e sem perder o fio da meada.

Visao coletiva

À política, sei dar a devida importância, mas na verdade nunca foi meu negócio. Minha postura com relacao a política sempre foi, pode-se dizer, de aversao. A revolta contra os casos de corrupcao e o fato de todos os políticos nos quais, de alguma forma, depositei minha simpatía, sempre perderam nas eleicoes, me fez virar as costas para esse importante segmento que dá as cartas e se encontra no topo da pirâmide social. Com essa postura deixei tudo nas maos deles!

Desde que cheguei na Alemanha me sinto de fato mais participante como cidada. Procuro me informar a respeito e dar meus votos nas eleicoes e é claro que esse é o mínimo de engajamento que se pode esperar de um cidadao. Contudo, aconteceu ontem uma experiência marcante nessa minha sutil participacao política.

Há pelo menos tres anos venho me interessando pelo conceito sócio-ecomômico que aqui foi denominado "remuneracao básica incondicional" (bediengungslose Grundeinkommen). Se trata de um movimento que visa solucionar o grande problema do estado com relacao aos desempregados e a todos que vivem de ajuda social e "mamam nas tetas" do governo. Li até que no Brasil o Lula vem tentando implantar algo nesse sentido, mas voltemos ao ponto de vista daqui.

Gracas a democracia social alema, os níveis de probreza sao realmente limitados se comparados a grande parte do resto do planeta. Contudo, a queda na qualidade de vida, como era de se esperar, nao é vista com bons olhos e ninguem está disposta a abrir mao do nível conforto ao qual se acostumou nas últimas decadas. Porem, isso desfalca cada vez mais os cofres públicos, visto que o número de desempregados é crescente o que aumenta o número de pessoas carentes. O setor social e de saúde sao os que mais sentem as consequências dessa recessao. Em hospitais, e instituicoes para cuidados especiais por exemplo, poucos funcionários sao confrontados com muito trabalho por causa dos cortes nas folhas de pagamento. Por um lado o governo economiza, por outro ele paga mais. O mecado nao tem mais como absorver a mao de obra que é como que o refugo que sobrou daquilo que é considerado como optimisacao do trabalho. As pessoas que conseguiram manter seus empregos trabalhasm em geral no limite das suas capacidades o que aumenta a frequência das faltas por doencas que por outro lado sobrecarregam aqueles que ainda estao segurando a bola. Os que foram desligados da possibilidade de trabalhar, vivem dos cofres públicos no limite inferior da sociedade quase sem chances de se reerguer o que provoca ma maioria das vezes frustracao, revolta e consequentes doencas de cunho social. Outro agravante que veio recentemente abalar ainda mais esse quadro é o desequilíbrio ecomômico provocado pela "cagada" geral dos bancos internacionais. Ou seja, crise sobre crise!

Como sería a vida das pessoas que pudessem escolher em que trabalhar sem ter a pressao de ter que ganhar dinheiro?

A idéia da "remuneracao básica incondicional" prega uma remuneracao básica para cada cidadao desde o nascimento até a sua morte que seja suficiente para suprir suas necessidades básicas. Por exemplo, uma mae, com filhos pequenos, pode ficar em casa fazendo o trabalho de dona de casa e de educadora sem precisar se preocupar em como ganhar o dinheiro para o leite das criancas. O princípio visa desacoplar o trabalho dos valores monetários: o trabalho dessa mae nao pode ser considerado inferior ao de um consultor de banco que vai as suas reunioes. Mas ele é, de fato, valorizado de forma bem diferente.

Mas, como fazer para arrecadar o dinheiro a ser distribuido incondicionalmente para todos?

Eliminando todos os impostos, enxugando a máquina administrativa e criando um imposto único sobre consumo, sería possível, segundo os calculos dos iniciadores desse projeto, financiar essa remuneracao produzindo incentivos para o consumo e para a producao desses bens, fortalecendo tambem o mercado mas diminuindo as margens de lucro das indústrias. Como sao elas que mais poluem o planeta, elas bem que podem pagar por isso. Se o povo tem dinheiro, a indústria e o comércio podem vender. A concorrência faz com que vencam os melhores e isso tambem no sentido ecológico para o qual a consciência do consumidor está cada vez mais desperta.

Nao tenho a intencao de expor todo o programa, mas para deixar aqui registrado o fato que mexeu comigo ontem, foi necessário dar essa pequena introducao . Para maiores informacoes existem livros, homepages, debates, artigos em jornais e revistas, palestras. Mas pelo que sei, tudo apresentado através da língua alema.

Uma mulher simples, mae de família, revoltada com o aumento de impostos que atacaram seus bolsos, deu o primeiro passo e decidida resolveu em dezembro fazer uma peticao ao congresso pedindo para instaurarem a tal "remuneracao básica incondicional". Cada cidadao pode assinar essa peticao por via eletrônia mas o assunto só pode ser abordado no congresso caso tenham sido reunidas mais de 50.000 assinaturas. Ontem encerrou-se o prazo para as assinaturas. As 18horas nao haviam chegado ainda a esse número, contudo, antes do final do dia somaram-se mais de 53.000 assinaturas ! Foi emocionante ver como a uniao por um ideal foi unindo as pessoas que estavam sós atrás dos seus pc's mas ligadas nessa idéia. Mais do que 53.ooo pessoas olharam para um mesmo objetivo e aonde seus olhares se cruzaram surgiu como que uma estrela.

Espero que ela possa crescer para dar início e movimentar novos sistemas sócio-politicos-econômicos mais justos e apropriados para o futuro, do que os atuais que estao ruindo por todos os lados do planeta.

Quero acabar por aqui, mas nao sem deixar de incluir um link musical que há mais de 40 anos deu seu tom prófético para impulsos que aos poucos hoje comecamos a ver brotar.